Congelamento de óvulos: mais simples do que você imagina!

Convidamos a médica Bruna Merquires Araujo(@dra.brunaaraujo), ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana, para nos esclarecer dúvidas sobre congelamento de óvulos.

Atualmente as taxas de congelamento de óvulos tem aumentado de forma expressiva, embora para muitas mulheres ainda seja um tema pouco conhecido. Vamos então descomplicar esse assunto, tornando-o mais acessível e não mais um tabu.

Antes de entender sobre o congelamento de óvulos, precisamos conhecer o funcionamento dos ovários e sua relação com a fertilidade. Nós, mulheres, nascemos com uma reserva ovariana estabelecida que diminui mensalmente ao longo dos anos, de forma natural, sendo que na primeira menstruação temos cerca de 500 mil óvulos, número que cai para menos de 25 mil após os 40 anos. Já a taxa de gravidez espontânea, cai consideravelmente comparando mulheres acima dos 40 anos, com as que engravidam por volta dos 30.

É possível que engravidar ainda não esteja nos planos, por diversos motivos como a busca por parceiro ideal, ausência de estabilidade profissional ou necessidade de tratamentos como quimioterapias, radioterapias, cirurgias com risco de diminuição de reserva ovariana, o congelamento de óvulos (também conhecido por criopreservação de óvulos) é uma alternativa para aumentar as chances de gravidez futura. A idade ideal para o congelamento é entre 30 e 35 anos, mas isso não impede que seja realizado depois, lembrando que após essa idade há chance de diminuição de reserva ovariana e prejuízo do número de óvulos obtidos.

O tratamento é iniciado nos primeiros dias do ciclo menstrual, com um ultrassom para avaliação ovariana e prescrição de medicação de aplicação diária e subcutânea. É necessário cerca de 3 controles ultrassonográficos, para avaliar crescimento dos folículos e estimar a quantidade de óvulos que serão captados. As medicações duram cerca de 10 a 12 dias, e após 36h da última dose de medicação, é feita a coleta dos óvulos. A captação ocorre sob sedação, ou seja, sem dor, com uma agulha guiada por ultrassom que punciona os ovários via transvaginal. O procedimento dura em torno de 15 a 20 minutos, a mulher tem alta pra casa no mesmo dia, e os riscos cirúrgicos são baixíssimos. Esses óvulos captados são avaliados pelo embriologista imediatamente, e os que são maduros e viáveis são congelados em nitrogênio líquido.

Os óvulos congelados podem permanecer por muitos anos, dependendo da vontade ou necessidade da mulher em utilizá-lo, portanto, sem data máxima limite. Quando a mulher decidir retomar o tratamento, os óvulos são descongelados, fertilizados com o sêmen, e o embrião formado transferido para o útero da mulher. A vantagem é que esse óvulo tem a “idade” da mulher na data do congelamento, ou seja, as mesmas taxas de gravidez de quando realizou a captação.

Em resumo, a vida moderna faz com que a mulher pense mais tarde na maternidade, e nesses casos, o congelamento de óvulos pode trazer benefícios na conquista da tão sonhada gestação. O processo todo dura em torno de 12 a 14 dias, dependendo da resposta de cada mulher e os óvulos ficam congelados até que a mulher decida utilizá-los, geralmente sem prejuízo da qualidade e da taxa de gravidez. Enfim, um tratamento para driblar a pressão do relógio biológico e dar liberdade à mulher. 

Dra Bruna Araujo, ginecologista e obstetra, especialista na área de reprodução humana pelo hospital Pérola Byington. CRM-SP 175740. 

@dra.brunaaraujo

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